sábado, 20 de agosto de 2011

Vício

" Esta semana, quando estava em Hong-Kong Miu, tive uma visão. Em si mesmo, este facto não é excepcional. "
Nos últimos tempos, desde que deixei de tomar os medicamentos, tenho tido muitas visões, suponho que por efeito da desintoxicação. Mas a última visão que tive foi diferente porque tinha um suporte físico. Não era uma sombra: era uma pessoa, tocava-me nos cabelos e tentava dizer-me algo, mas parecia que tinha alguma coisa que a impedia de falar. Senti-me confuso de início, também tentei dizer-lhe algo, mas nesse mesmo momento desaparecia.
Nestes últimos dias, pensei que estava a ficar com as ideias um pouco baralhadas e que devia tomar outra vez a medicação, mas não deveria meter-me nisso de novo. Apesar de tudo, gostava de compreender tudo o que me vinha a cabeça, porque tudo o que o cérebro tentava imaginar e que me fazia parecer realidade, tinha um sentido de importância na minha vida. Queria obter respostas, mas não sabia como, pois, se eu contasse tudo o que me vinha na mente, ninguém se iria acreditar em mim.
Senti um calor abrasador dentro de mim, porque realmente queria voltar a ver a pessoa e tentar ajudá-la a dizer o que realmente lhe ia na alma, pois parecia-me uma pessoa simpática, mas ao mesmo tempo perdida num mundo de solidão, escuridão e amargura.
Por fim, vejo que estou em casa, e sinto-me realmente cansado... Quando tento fechar os olhos para tudo o que me preocupa, a mulher volta a aparecer, mas desta vez, vejo as lágrimas que escorrem sobre o seu rosto triste. Ela puxa-me e vejo a sua roupa manchada e aí penso que realmente se envolveu em problemas. Não consigo fazer nada, petrifico e deixo-me ser levado, até que me vejo dentro de algo escuro, que não sei como descrever, é realmente um sítio deprimente.
A mulher amarra-me , sinto-me pela última vez aflito... Afinal não era quem parecia.

Sinto dor e sei que daqui nunca mais conseguirei sair.

Eliana Ferreira

Hoje realmente senti o que era chorar...
Chorar não é emitir som, chorar é sentir no coração as lágrimas que caem sem sentido pela face.

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